O Brasil segue enfrentando uma grave crise de violência de gênero. Dados do Atlas da Violência 2024, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelam que o país registrou, em média, dez feminicídios por dia no último ano.
O levantamento aponta que o número de mulheres assassinadas cresceu 2,5% entre 2022 e 2023, saltando de 3.806 para 3.903 casos. O estudo reforça a urgência de políticas públicas mais eficazes no combate à violência contra a mulher.
A pesquisa mostra que a região amazônica segue com as maiores taxas de homicídios femininos do país. Roraima ocupa o primeiro lugar no ranking, com 10,4 homicídios a cada 100 mil mulheres. Em seguida aparecem Amazonas e Rondônia, ambos com 5,9 homicídios por 100 mil mulheres.
Outro dado alarmante é a desigualdade racial nos números da violência. Das mulheres assassinadas em 2023, 2.662 eram negras, o que representa 68,2% do total. A taxa de homicídios entre mulheres negras chegou a 4,3 por 100 mil, enquanto entre as não negras, o índice ficou em 2,5.
Para especialistas, esses números evidenciam o racismo estrutural e as múltiplas vulnerabilidades enfrentadas pelas mulheres negras no Brasil.
Violência atinge diferentes idades de formas distintas
O estudo também detalha como a violência contra meninas e mulheres se manifesta de acordo com a faixa etária:
Até 9 anos: a principal forma de violência é a negligência.
Dos 10 aos 14 anos: prevalece a violência sexual.
Dos 15 aos 69 anos: a violência física é a mais recorrente.
Esses dados reforçam a importância de ações preventivas e de proteção específicas para cada faixa etária e realidade social.
O aumento no número de feminicídios e a persistência de altos índices em determinadas regiões e entre a população negra reforçam a urgência de políticas públicas mais abrangentes e eficazes. Organizações sociais e autoridades cobram investimentos em educação, proteção, denúncia e acolhimento de vítimas, além do fortalecimento das delegacias e centros de atendimento especializados para mulheres.
O Brasil, que há quase uma década incluiu o feminicídio no Código Penal como crime hediondo, ainda precisa enfrentar desafios estruturais e culturais para reduzir a violência contra a mulher e garantir o direito à vida e à segurança para todas.
REPÓRTER JOTA ANDERSON - RÁDIO JOTA NOTÍCIAS E JORNAL GAZETA DE CASA BRANCA
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